sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Liberdade

Ah! Liberdade. Algo que todos buscam e defendem veementemente. Princípio básico das nações e dos direitos humanos. Objeto de discussão dos filósofos. Camisa rasgada de revolucionários. Demagogia de muitos governantes e legisladores.

Hoje é um dia que entra para os livros de história com a renúncia do ditador Mubarak que governou o Egito por décadas.
O povo foi às ruas e pressionou. Conseguiu.
Agora estão livres. Será? Não sei se existe de fato uma plena liberdade coletiva em nossa sociedade. Mas individual pode haver. E para isso não precisa ser um ditador para estar livre pra fazer o que bem entender com a vida dos outros.

Normalmente, quando proclamamos liberdade é do tipo "liberdade dos pais", "liberdade do governo", "liberdade de imprensa", "liberdade de..."
Os egípcios estão livres do ditador. Muitos pessoas em vários países do mundo estão livres da ditadura.
Mas a liberdade em que se encontra as pessoas que estão livres de algo ou de alguém é passageira, para não dizer ilusória. Vivemos num mundo valorizado pelas conquistas pessoais e concorrência acirrada entre os indivíduos.

Ao nos tornarmos obcecados por nos tornar livre dos pais por exemplo, tornamo-nos reféns da rebeldia infundada, ser livre da religião que o sufocava, mantém sua mente presa a ela. A liberdade tem dois aspectos: a liberdade de qualquer coisa e a liberdade para qualquer coisa. Muitos de nós alcançamos apenas a primeira liberdade, aquela que a população do Egito acabou de conquistar. Este é um tipo de liberdade ainda nocivo, pois pode enganar. É preciso que as pessoas tenham a liberdade positiva, isto é, liberdade para criar, liberdade para dançar, liberdade para amar, liberdade para respeitar os outros sem ter medo de ser criticado. Com este tipo de liberdade você pode até viver numa prisão, numa ditadura, estar sendo torturado a todo instante, mas talvez seja mais feliz do que aqueles que estão te torturando ou do que aqueles que vivem nas democracias.

Com liberdade para se expressar não existem inimigos nem fronteiras. Seu melhor amigo pode ser seu pior adversário político. Vocês tem liberdade para se respeitarem e conviverem juntos, pois além de serem livres de siglas ou partidos políticos, são livres para entenderem que todos nós, no fim das contas, somos todos um dependente do outro.




Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.
(Cecíclia Meireles
)